Muito já se falou e continua a falar dos direitos televisivos. Enquanto em Portugal não existe qualquer critério por parte do operador que detém os direitos, lá por fora não é assim.
Ninguém sabe qual é o bolo do futebol português, no que aos direitos televisivos diz respeito, simplesmente porque o detentor dos direitos e o principal dono do canal que os compra, é a mesma pessoa.
Em Espanha, os contratos de venda dos direitos já estão negociados até a temporada 2014/15. E a forma como foi negociado para 2015/16 em diante já causa muita polémica por lá.
Hoje Barcelona e Real Madrid ganham 140 milhões de euros cada, Atlético de Madrid e Valência 42 milhões. E os demais clubes variam entre 12 e 25 milhões de euros. É nítida a desigualdade da divisão nos direitos televisivos. Em 2014 a diferença diminuirá, serão 150 milhões para Barça e Real, 40 milhões para Atlético e Valência e os outros clubes ficarão com 27 milhões de euros cada.
Comparação com outras das principais ligas europeias (no quadro abaixo):
Os dois gigantes chegam a ganhar 11 vezes mais que os clubes pequenos.
Na Inglaterra, França e Alemanha essa diferença chega apenas ao dobro ou triplo.
Há que ressaltar que existe uma diferença do quanto arrecada cada Liga na venda total de direitos.
Segundo dados da Sport+Markt, a Premier League arrecada cerca de 1 bilhão e 200 milhões de euros, a Série A italiana 950 milhões, a Liga BBVA (espanhola) 710 milhões, o campeonato francês 693 milhões, e a Bundesliga, 457 milhões.
Para tentar atrair mais compradores, inclusivé no mercado asiático, Florentino Peréz já sugeriu que houvessem partidas realizadas ao meio-dia, horário que cairia justamente no prime time do continente asiático.
A última reunião sobre como será a divisão de quotas para 2015/16 acabou com um acordo assinado por 31 dos 42 clubes da primeira e segunda divisão. Nele ficou estabelecido que 34% da quota é do Real e Barça (antes tinham 50%), 11 % do Atlético de Madrid e Valência, outras equipas da Primeira 45% e 22% para as da Segunda. O 1% restante serviria para diminuir o impacto económico a cada descida de divisão. Seis clubes da 1ª divisão prontamente se recusaram a assinar este acordo: Sevilha, Zaragoza, Villareal, Real Sociedad, Athletic de Bilbao e Espanyol. Segundo Del Nido, presidente do Sevilla, com esta divisão o título da Liga está vendido de antemão aos grandes porque os dois grandes ganharam 1 bilhão e meio de euros a mais que o terceiro na última década.
E toda essa diferença deixa a Liga BBVA no caminho para tornar-se uma Liga escocesa (com apenas dois clubes disputando o título). 51 dos 79 campeonatos espanhóis foram ganhos por Barcelona ou Real Madrid, e nos últimos 10 anos a dupla levou 80% dos títulos. E nas últimas cinco temporadas sómente eles ganharam, sendo que na temporada passada a face bipolar da Liga BBVA ficou ainda mais escancarada: Barcelona foi campeão com 99 pontos e o Real vice com 96, simplesmente 28 e 25 pontos a mais que o terceiro classificado, o Valência.
A médio e longo prazo, o interesse pela liga espanhola diminuirá cada vez mais.
A forma de distribuição na Liga Inglesa é a seguinte:
- 50% do valor total é dividido entre os clubes.
- 25% variam pela classificação na temporada anterior.
- 25% são divididos conforme a audiência.