No final do jogo entre o Belenenses e o Futebol Clube do Porto, João
Fonseca, jornalista da Rádio Renascença, terá sido agredido por Rui
Cerqueira (na foto), diretor de comunicação do FCP. Vários camaradas
seus foram testemunhas desta agressão, entre os quais um jornalista da
TSF. Os repórteres procuravam ter reações de Helton e Rui Cerqueira, que
é ex-jornalista, decidiu intervir. O próprio garante que terá sido
empurrado e agarrado depois de dar ordens para não haver declarações.
Uma horda de jornalistas a bater num diretor de comunicação para
conseguir declarações de jogadores. Já ouvi histórias mais credíveis,
mas no futebol tudo é possível.
A acusação de agressão a
jornalistas, seja por seguranças, seja por adeptos, seja por dirigentes,
é um clássico em jogos em que o Porto esteja envolvido. Nunca se ouviu
da boca de Pinto da Costa uma palavra de condenação. Achou sempre mais
interessante fazer piadas. Quando uma vez foi confrontado com o tema,
respondeu: “Vou montar um hospital lá nas Antas, porque com tantos
feridos isso é capaz de ser um bom negócio”. Muitos risos. Não é grave. O
Estado de Direito, já se sabe, fica à porta dos estádios.
Mas
apesar de o “guarda Abel” ser um símbolo à memória da arbitrariedade e
da impunidade no futebol, seria injusto ficar-me pela relação obviamente
difícil que o Porto mantém com a liberdade de imprensa. Esse mal é bem
mais abrangente. Não se mede apenas por situações mais radicais, como
insultos e agressões. Vê-se nos blackouts, nas interdições seletivas de
entrada de jornalistas em estádios e em intimidações várias. Por eles
são responsáveis os dirigentes dos clubes e uma justiça permissiva. Mas
também uma classe de jornalistas incapaz de mostrar laços de
solidariedade, demasiado temerosa da popularidade dos dirigentes
desportivos e, em alguns casos, promíscua na sua relação com os clubes.
Não é preciso imaginar o escândalo que seria se um qualquer jornalista
fosse agredido por um dirigente partidário. O movimento de solidariedade
entre jornalistas que tal provocaria... Pois está na altura de os
jornalistas desportivos se verem como merecedores do mesmo respeito.
Boicotando coletivamente, se preciso for, qualquer clube que ponha em
causa a sua segurança. (Daniel Oliveira, in Record)
4 comentários:
Faz parte da sua estratégia de domínio, dominar pela força se preciso for.
Ameaçam, fazem chantagem, insultam, agridem, tudo serve para colocar quem eles não gostam ou quem não fazem como querem na ordem. Este comunicado sobre a estátua do Cosme Damião mostra bem o regime ditatorial que são.
E a verdade é que têm sido bem sucedidos neste país de cobardes e de gente menor. Não conheço um povo tão cobarde como o povo português.
Em qualquer outro país da Europa - em qualquer! - isto nunca seria permitido e seria imediatamente denunciado.
Em Portugal é abafado por todos!
Para bem da profissão e da informação era bem melhor que fossem capazes de dizer basta aos bastardos provincianos e complexados. Era a única forma de se fazerem respeitar
Quando mete agressões de jogadores dirigentes do futebol clube do Porto é tudo arquivado e esquecido o sistema funciona e está bem oleado.
Enquanto não lhes pagarem na mesma moeda e lhes rebentarem a boca também isto não muda...
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