Pedro Proença deve ser bipolar.
Em Portugal, as suas arbitragens são uma "merda", enquanto no estrangeiro apita bem.
Leiam o que disse José António Saraiva, na sua crónica do Record.
«Já é difícil falar a sério das arbitragens de Pedro Proença em
Portugal. Ele pode ser o melhor árbitro do Mundo, mas não é com certeza o
melhor árbitro português.
Um dia o meu pai foi à Alemanha
para tratar um problema de saúde. Falaram-lhe de um médico célebre, que
vivia em determinada rua. Lá chegado, o meu pai perguntou onde era o
consultório do dr. Tal, e ouviu esta resposta: “Mas por que vai a esse
médico? Aqui na rua há um muito melhor.” Quando ouço falar do “melhor
árbitro do Mundo”, recordo sempre esta história.
Na
sexta-feira, Proença protagonizou mais um erro caricato, que nem a
introdução das novas tecnologias poderia evitar. Nem no Burkina Faso um
árbitro teria coragem para inventar um penálti tão inverosímil.
Estas
arbitragens tendenciosas e que decidem resultados (as quais não são,
reconheça-se, um monopólio de Pedro Proença) têm duas consequências
importantes.
Primeira: as equipas que jogam contra o FCPorto
retraem-se na disputa da bola na área, jogam a medo, sabendo que
qualquer queda de um jogador portista pode ser fatal.
Segunda:
o FCPorto acaba por ganhar sempre, porque ou ganha por mérito ou porque
o árbitro ajuda. E isto tem uma terrível consequência: retira
imprevisibilidade ao futebol português. Mesmo quando a vitória parece ir
calhar ao Benfica (como nas duas últimas épocas) o FCPorto acaba sempre
por vencer, por demérito alheio ou com ajudas. A ideia de que não pode
haver surpresas é talvez a principal razão que afasta as pessoas dos
estádios.
Voltando a Proença, não percebo o que vai naquela
cabeça. Perante a evidência de ter beneficiado o FCPorto no passado,
devia ser mais cauteloso. Mas não é. Talvez ache que, por ter o rótulo
de “melhor árbitro do Mundo”, ganhou um estatuto de impunidade que lhe
permite fazer o que quer. Mostra a sua “coragem” marcando penáltis
fantasma que, como o de sexta-feira, resolvem jogos. E Pinto da Costa,
absolvido no Apito Dourado, ri na tribuna e chama palavrões aos
circunstantes, perante o gáudio da sua corte.»