Clube de Desportos da Costa do Sol (Maputo – Moçambique)

Parte III
(Como tinha prometido no artigo anterior, vou falar neste sobre a actividade desportiva do Clube durante a minha permanência nos Corpos Dirigentes)

O C.D. da Costa do Sol, antes SLMB/SMB, nunca tinha ganho nenhum título importante durante a sua história, ou seja de 1955 a 1978.
Em 1976 quando entrei para a Direcção presidida por Júlio Rito, tivémos de reorganizar o clube pois estava como disse noutro artigo sem Direcção.
Contratámos um técnico sem nome, ex-atleta do clube, sem currículo mas estudioso. Foi uma aposta ganha pois o mesmo, Martinho de Almeida nos surpreendeu a todos.
Com uma equipa mesclada de veteranos e jovens talentosos, ex-júniores, conseguimos fazer campeonatos bastante bons, até que conseguimos o primeiro título nacional em 1979 com atletas que ficaram na memória dos moçambicanos, até porque muitos deles se tornaram internacionais, casos de Nito, Caldeira, Sérgito, Artur, Ramos, Luís, Gil, César e ainda outros menos talentosos mas com muita garra e amor à camisola, casos de Messias, Eduardo, etc. .
Seguiu-se a primeira participação na Taça dos Campeões Africanos. Tivémos pouca sorte no sorteio pois coube-nos uma equipa forte e experiente, o BILIMA do antigo Zaire (actual Rep. Dem. do Congo).
Em Maputo empatámos 0-0 e em Kinshasa perdemos por 3-1 num estádio cheio com cerca de 70.000 espectadores.
A eliminação da Taça Africana não nos desmoralizou e voltámos a ganhar o campeonato pelo segundo ano consecutivo e ainda a Taça de Moçambique (final com o Palmeiras da Beira, 1-0), a primeira do clube.
Foi uma época de ouro!
Entretanto já havíamos mudado de técnico, em vez de Martinho, agora era outro Almeida mas Pinto (de Almeida).
Em 1981 voltámos à Taça dos Campeões Africanos e na 1.ª eliminatória jogámos com o MMM da ilha de Madagáscar. País com poucas tradições no futebol e confirmou-se o nosso favoritismo com vitórias em Maputo (2-0) e em Madagáscar (4-2).
Passámos à 2.ª eliminatória, agora contra uma equipa mais forte, o NCHANGA RANGERS da Zâmbia. Mais uma vez a falta de experiência nos traíu. Em Maputo (0-0, outra vez) e na Zâmbia perdemos por 3-1.
A participação mais prolongada na competição, acrescida da lesão duma peça muito importante (Luís) motivou uma época menos boa a nível nacional e acabámos por não conseguir o tri.
Verificou-se mais uma mudança de técnico, agora o argentino Jorge Reyna. Bom técnico embora desconhecedor do campeonato moçambicano, o que sempre prejudica. Ainda chegámos à final da Taça mas perdemos com o Desportivo de Maputo por 1-0.
Paralelamente, no futebol júnior também conseguimos resultados importantes graças ao trabalho do jovem treinador Arnaldo Salvado que treinava simultaneamente os juniores e os juvenis.
Sagrámo-nos campeões de juvenis em 1979 e 1980 e de júniores em 1981 e 1982, embora eu já não tenha presenciado por inteiro esta última conquista devido à minha vinda para Portugal em Agosto. Soube que depois o técnico partiu para Pemba, enviado pelo Clube para treinar uma equipa sénior, levando consigo alguns dos melhores júniores, voltando mais tarde como técnico principal e trazendo alguns desses jogadores, valendo ao Costa do Sol a conquista de 4 campeonatos seguidos, entre 1991 e 1994!
Mas o Costa do Sol não era só futebol. Tínhamos outras modalidades, destacando-se o basquetebol e o hóquei em patins.
Em basquetebol fomos campeões nacionais em femininos.
Em hóquei era difícil conquistar títulos porque havia outras equipas muitos boas e experientes, casos do Desportivo, Ferroviário, etc., mas graças a Fernando Adrião, talvez o melhor jogador português de todos os tempos, que era o nosso técnico conseguimos fazer campeonatos interessantes.

Nota: Queria agradecer a colaboração de Issufo Mogne que me ajudou nalguns pormenores para que este artigo ficasse mais preciso.

(Haverá mais artigos sobre o Clube, especialmente sobre histórias interessantes e curiosas)!