Não é normal no mesmo dia e no mesmo jornal dois artigos cujos autores atacam os azuis e o seu presidente, daí o meu título.
Senão leiam:
«Os jogos do FC Porto ameaçam tornar-se impróprios para cardíacos. No
sábado, contra um Marítimo desfalcado, os adeptos estiveram com o credo
na boca até ao último segundo. O golo salvador só surgiu ao soar do
gongo, ainda por cima fruto de um penálti discutível.
Como se
isto não bastasse, é hoje raro um jogo do FC Porto em que não haja uma
polémica. Agora, foi o atraso na entrada da equipa em campo. E, não
sendo isso que fez o Porto ganhar, cheira a expediente manhoso.
Não
pode ser por acaso que, num jogo obrigado a começar à mesma hora de
outro por estar em causa o apuramento na prova, uma equipa se atrasa a
entrar em campo.
Durante o polémico jogo de sábado, as
câmaras da TV focavam com insistência Pinto da Costa. Lá estava ele,
qual figura tutelar, a presidir ao espetáculo. E acredito que a sua
presença no estádio tenha alguma influência nos jogadores e até nos
árbitros.
Vendo-o ali, os jogadores portistas
inquietar-se-ão: “O que irá ele fazer-nos se não ganharmos?”. E a
verdade é que se batem até ao último minuto, nunca atirando a toalha ao
chão. Foi assim contra o Marítimo, foi assim contra o Benfica, no
célebre jogo do golo de Kelvin.
E também os árbitros serão
sensíveis à presença do patriarca nortenho. Pelo menos, terão os maiores
cuidados para não prejudicar o FC Porto. Mesmo admitindo que aquele
penálti foi penálti, se fosse ao contrário é muito possível que não
tivesse sido assinalado.
No sábado, lá estava o velho
presidente, sentado no camarote ao lado da sua jovem namorada, como se
estivessem num pedestal. Apesar de o jogo ser impróprio para cardíacos, e
de ele próprio ser um doente cardíaco, aguentou firme. Aguenta sempre.
Pois pensa que, se não estiver ali, as coisas ainda correrão pior.
Ninguém
pode dizer que foi Pinto da Costa, com a sua velha manha, a dizer à
equipa para se atrasar na entrada em campo. Mas uma coisa é certa:
indiferente aos males do coração, o velho presidente continua a
sacrificar-se pelo seu FC Porto e a ditar as leis. Vejamos até onde a
equipa – e os árbitros – continuarão a corresponder aos seus
sacrifícios.» (José António Saraiva, in Record)
«É notório que o FCPorto tem um problema de gestão do tempo quando se
trata de participar na Taça da Liga. Há cerca de um ano, a Comissão de
Instrução e Inquéritos da Liga entendeu que os portistas deviam ser
excluídos da competição exemplarmente conhecida como “taça da cerveja”
(designação do tempo em que ainda um patrocinador principal), por terem
utilizado três jogadores de forma irregular.
Fabiano,
Abdoulaye e Sebá não descansaram então 72 horas entre a participação num
jogo da equipa B e o último compromisso da fase de grupos da Taça da
Liga, frente ao V. Setúbal, como foi entendimento dos inquiridores, pois
só tinham passado efetivamente 71 horas e 45 minutos. Todas as
evidências apontavam para a desqualificação do FCPorto. Todas? Não! Uma
omissão no texto da lei, que se aplicava apenas aos jogos das 1.ª e 2.ª
Ligas, mas não citava a Taça da Liga e a Taça de Portugal, salvou a
máquina portista nos conselhos de Disciplina e de Justiça e evitou um
“levantamento de rancho” no Dragão, que encurtaria os “largos dias” que
“têm cem anos”, obra do grande chefe Pinto da Costa.
Desta vez
não estão em causa 15 minutos, mas 2 minutos e 45 segundos, um atraso
que permitiu ao FCPorto saber como tinha acabado o Penafiel-Sporting e
assim carregar no acelerador na compensação, até atingir o conveniente
resultado de 3-2. Com uma diferença fundamental: se antes o que salvou
os dragões foi um buraco na lei, desta vez é preciso produzir prova que
ateste o dolo, a intenção de prejudicar o adversário com o atraso, que
pode até ser justificado cientificamente com uma descalibragem da Terra
nos seus movimentos, capaz de provocar diferenças de fuso horário entre a
cidade de Penafiel e o bairro das Antas! Uma diferença para aí de 2
minutos e 45 segundos, vá lá!
É óbvio que a Liga – e os
delegados nomeados em particular – tinha a obrigação de cuidar, em 2013,
da ficha do FC Porto-V. Setúbal, de modo a evitar a utilização de
jogadores que tinham descansado menos de 72 horas entre jogos; e de
garantir, em 2014, que o FCPorto-Marítimo começava à mesma hora do
Penafiel-Sporting (fosse qual fosse o fuso horário!). Mas não o fez,
expôs às claras a falência da sua credibilidade e mais uma vez permitiu
que alguns podres do antigamente voltassem a minar o sistema. E,
coincidência ou não, nos dois jogos em que as “cebolas” portistas
entraram em disfunção antirregulamentar, um dos delegados repetiu
presença no Dragão, o que faz perguntar: por que são sempre os mesmos,
os azarentos e os prevaricadores? Ou são outra coisa?» (António Varela, in Record)
2 comentários:
Eles estão a começar a sair da toca...
São sempre os mesmos, porque a impunidade também é sempre a mesma!
Miguel
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