De levar as mãos à cabeça

Quando ao minuto 12' do jogo com a Costa do Marfim, Cristiano Ronaldo atirou, de muito longe ao poste, levou as mãos à cabeça. Raúl Meireles fez o mesmo. O golo parecia feito (há até uma fotografia muito enganadora que nos mostra a bola lá dentro) mas, para azar, nada mais nos restou que não fosse a pura ilusão que tínhamos equipa para ganhar. Não foi assim.
A partir daí todos tivemos a mesma vontade de levar aos mãos à cabeça. O encontro acabou para Portugal ali mesmo. A Seleção Nacional jogou muito pouco (falta meio campo e ataque) e as contas começaram a fazer-se com a operação ainda no início.
Ainda se podia pensar que passado o sufoco dos minutos finais, a racionalidade imperasse mas não. Deco  disse o que muitos pensavam embora na qualidade de membro da Seleção Nacional não o pudesse ter feito  publicamente: "Fui colocado mais no lado direito e toda a gente sabe que não sou extremo". O luso-brasileiro mais não fez que arrasar a tática de Queiroz. 
Quase ao mesmo tempo, o selecionador nacional, mal foi questionado, mostrou-se logo irritado e para fugir às banalidades arrasou a FIFA por causa de Drogba. De levar as mãos à cabeça. Mais uma vez. E para terminar a jornada não ficámos por aqui.
Deco ainda veio esclarecer no site oficial da Federação Portuguesa de Futebol que falou a "quente", que não tem "qualquer problema como o treinador" e que "jamais" quis "colocar em causa a liderança e as decisões do professor Carlos Queiroz". O "caso" ganhou por assim dizer estatuto oficial.
Se juntarmos a isto, o que já se passou com Nani (que também falou a quente e fez um esclarecimento adicional), é muita confusão para tão pouco tempo.
(Sandra Lucas Simões, in Record)