Desde Michel Preud'homme, já lá vão 12 anos que saíu, não tínhamos um guarda-redes tão consensual para os benfiquistas, e não só.
Leiam o artigo abaixo.
«Paradigma de bom senso, tranquilidade, razão e segurança, até o escrete canarinho ganhará se o escolher. Com Artur na baliza, a reserva moral do futebol que é a seleção do Brasil ficará em muito boas mãos.
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«Paradigma de bom senso, tranquilidade, razão e segurança, até o escrete canarinho ganhará se o escolher. Com Artur na baliza, a reserva moral do futebol que é a seleção do Brasil ficará em muito boas mãos.
1 Disse
José Mourinho sobre Essien que o ganês é daqueles homens a quem
confiaria os filhos se necessário fosse. Jorge Jesus não irá tão longe
sobre Artur, mas dele dirá que não espera precipitações ou qualquer
manifestação esquizofrénica que sirva para acentuar pânico onde é
suposto levar serenidade e competência. O brasileiro tem o saber
enciclopédico dos mais experientes, aqueles que atingem a maturidade
plena acumulando informação sem perderem agilidade, reflexos, coragem e
prazer pelo jogo. É quase impossível vê-lo cometer erros táticos, por
posicionamento deficiente, má avaliação de distâncias ou decisões
erradas. O seu talento conjuga o espírito juvenil de quem ainda tem
sonhos por cumprir com a requintada sobriedade de quem já viveu muitos
anos debaixo dos postes – é um dos melhores guarda-redes da história
recente do futebol português.
2 Artur revela
ainda a força da intimidação, o estatuto dos marechais das balizas que
pode levar o avançado, em circunstâncias iguais, a ter comportamento
diferente mediante o adversário que lhe surge pela frente. Certa tarde,
em Alvalade, no Sporting-Alverca de 1999/00 (1-1), aconteceu o insólito:
quando toda a equipa leonina procurava a vitória nos derradeiros
instantes do jogo, Paulo Costa roubou a bola e correu isolado mais de
meio campo na direção da área verde e branca; no momento de decidir,
olhou em frente e viu o gigante Peter Schmeichel; desarticulou-se,
tremeu e, talvez por entender que a baliza estava fechada (se calhar
estava mesmo...), rematou ao lado. Essa capacidade para fazer tremer os
adversários torna um guarda-redes ainda mais valioso.
3 De
resto, o número 1 encarnado depurou estilo e tipo de intervenção que o
aproximam do ideal para as necessidades de uma grande equipa. Artur sabe
que há templos na vigilância dos quais não se pode jogar em contínuo
processo de descarga de energia e tensões; que um erro na defesa desses
tesouros mais valiosos não tem remédio porque, a esse nível de
exigência, ao contrário do que sucede em cofres mais modestos, jamais
lhe é concedida uma segunda oportunidade. Como diz Jorge Valdano sobre
esses guarda-redes dos campeões, ciente de que as falhas são mais
notadas porque aparecem pouco em cena, “estão destinados a contemplar
mas não se podem dar ao luxo da distração”. Essa é a grande diferença
entre o guardião das potências e os outros.
4 Artur
confirma ser o guarda-costas perfeito para esta águia de bons costumes e
vocação aventureira. Os cabelos brancos, que começam a evidenciar-se,
anunciam um homem responsável, maduro, sábio e tranquilo; que nunca tem
pressa, raramente se enerva e dispõe de soluções técnicas para cada
situação; um guarda-redes assente na virtude de saber esperar pelo
momento de intervir sem perder a concentração e que não altera o
comportamento mesmo quando passa muito tempo como espectador. Numa
equipa atrevida e ambiciosa, Artur é o paradigma de bom senso,
tranquilidade, razão e segurança. E até o escrete canarinho ficará bem
servido se o escolher. Com ele na baliza, a reserva moral do futebol,
que é a seleção do Brasil, ficará certamente em muito boas mãos.» (Rui Dias, in Record)
1 comentário:
Grande texto do Rui dias...amigo Manuel Robert Enke era consensual entre os Benfiquistas e era um bom guarda-redes, não tão bom quanto Artur! que é sem dúvida desde O ENORME MICHEL PREUD'HOMME o melhor que defendeu a nossa baliza!
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