Na
era do futebol-ciência, ainda se decidem clássicos (e campeonatos?) a
meias entre um ponta de lança acabado com uma incapacidade no joelho e
um extremo que tem uma maturidade proporcional à lesão do compatriota
Jorge
Jesus tem 58 anos, anda no futebol há mais de 40 e, ninguém duvida, é
dos treinadores mais obstinados no controlo de todas as variáveis do
jogo. Na era laboratorial, porém, até ele caiu fulminado pelo lance mais
imprevisível de todo o campeonato, tão arrebatador como o golo de
Solskjaer em 1999 ou o remate de Aguero na louca última jornada da liga
inglesa da época passada. Por mais raízes quadradas a que tentemos
reduzir o futebol, há sempre uma reserva incalculável e que nos oferece
momentos como aquele que Liedson e Kelvin desenharam no clássico. É que
não há ciência que explique o que resultou da soma entre o ponta de
lança acabado e que reclama uma incapacidade de 23 por cento no joelho
esquerdo e o imberbe extremo que deve ter uma taxa de maturidade
proporcional à lesão do compatriota. Aliás, Kelvin nem perdeu muitas
horas entre o teste de genialidade no relvado e o teste de QI em que, no
direto para o Brasil, entendeu que o mais avisado era lançar os
foguetes de um título que ainda não ganhou e apanhar as canas de uma
tripleta que o Benfica ainda não perdeu. (André Viana, in O Jogo)
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