Época 2015/16

Época 2015/16

Entrevista interessante e ponderada

Não sei qual a inclinação clubística de Marco Silva, técnico do Estoril, mas gostei da entrevista que transcrevo abaixo.

Foi ao empatar em casa com o Estoril que o Benfica deu início a um final de época de pesadelo. Em entrevista ao Maisfutebol, Marco Silva fala dessa visita à Luz, da situação de Jorge Jesus e das mudanças rápidas na vida de um treinador.

Valdano falou recentemente numa obsessão pela tática, em detrimento da técnica, e que isso valoriza o treinador em vez do jogador. Concorda?
Tem a ver com a formação, talvez. Antigamente não havia tantas escolinhas, jogávamos mais na rua, era tudo paixão pela bola e técnica individual. Agora os miúdos começam a falar de tática com 7 ou 8 anos. É bom para começar a perceber as regras, os fundamentos do jogo, mas se calhar é cedo de mais. Falta jogar mais à bola. Mais do que no futebol profissional, é na formação que estamos a perder o brilho que víamos nos olhos dos miúdos. Pensa-se mais na tática, em ganhar. Está a tirar um pouco a magia ao jogador português.

E os treinadores amam mais o resultado do que o jogo, como diz também Valdano?
Todo o treinador quer ganhar. Se conciliar o jogar bem e ganhar, fico satisfeitíssimo. Sabemos que o resultado tem uma importância muito grande, pois infelizmente o treinador que ganha é competente quem não ganha não é. Por isso olha-se mais para o resultado. Daqui a uns anos ninguém se vai lembrar que o Benfica fez uma grande final europeia. Vão lembrar-se apenas que o Chelsea venceu.

É mais um exemplo de que a vida de um treinador muda rapidamente?
Já tivemos outros exemplos, mas é um grande exemplo. Jesus esteve numa final europeia, esteve quase até ao final da época em primeiro, foi à final da Taça e às meias-finais da Taça da Liga. Foi excelente. Podia ter sido uma época de sonho. O Benfica não teve aquela ponta de sorte que, se calhar, tanto trabalhou para ter. Sofreu dois golos decisivos nos descontos. O sucesso e o insucesso estão quase ligados. Neste momento não analisamos a época do Benfica de uma forma geral. Analisamos o que não conseguiu ganhar, quando tudo apontava no sentido de ganhar duas ou três provas. Foi uma equipa avassaladora em determinados momentos, e isso deve estar na memória de toda a gente.

O empate na luz abrilhantou ainda mais a época do Estoril?
Não acho, sinceramente. Abrilhanta o excelente jogo que fizemos. Tirando o FC Porto e o Sp. Braga, ninguém conseguiu exibições daquele nível na Luz. O Benfica terminou o jogo como líder, e ainda com dois pontos de vantagem. Retiramo-nos da questão do título, mas foi bom para nós pela demonstração de qualidade que deixámos.

No final do jogo deixou uma mensagem relativamente à ideia de que o Benfica, depois de ter derrotado o Sporting e o Marítimo, já era campeão. A quem se dirigia? Ao próprio Benfica? À comunicação social?
À equipa do Benfica não. Se alguém nos respeitou, foi o treinador do Benfica. Disse sempre que o jogo era decisivo, que tinha muito respeito pelo Estoril. O próprio presidente do Benfica deu uma entrevista e disse que o jogo mais importante da história do Benfica era o próximo, com o Estoril. Referia-me, de uma forma geral, a tudo o que foi dito. Chegámos a ouvir que, de uma forma ou de outra, nunca iríamos pontuar na Luz. Chegámos a ouvir que ninguém no país acreditava que o Benfica perdesse pontos com o Estoril, e de pessoas ligadas ao futebol. Foi mais por aí. As pessoas do Benfica foram as que mais respeitaram o Estoril.

Isso também serviu de motivação?
Não gostamos de ouvir essas coisas, mas não foi por aí. Disse na altura que os jogadores do Estoril não precisavam de motivações exteriores, não precisavam que alguém os beliscasse. Também tínhamos o objetivo de pontuar. Se não tivéssemos pontuado na Luz se calhar não tínhamos conseguido um feito histórico.

3 comentários:

TiagoFCR disse...

Parece-me ser um treinador com futuro! À semelhança de Rui Vitória e Paulo Fonseca. Mas tem ainda algo mais a provar, como os restantes que falei. Ele próprio sabe que normalmente só se olha para o resultado final, e se para o ano a coisa não correr tão bem, também se vão esquecer do bom trabalho deste ano.
Quanto à entrevista, foi ao nível da época do Estoril. Muito Boa.

Manuel disse...

Sim é uma entrevista de alguém lúcido.
Mas não nos atirem areia para os olhos, Houve incentivos externos muito fortes. É público.
Não foram apenas as estúpidas palavras de alguns adeptos acéfalos do Benfica que os motivaram.
Se o treinador sabia ou não, não sei. Mas não acredito que o não soubesse. É impossível.


Anónimo disse...

Manuel o que eu gostei de ver ontem foi o Marcelo Rebelo de Sousa rebentar com a trombeta da Judite de Sousa!

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