Jabulani (“festejar” em zulu) é o nome da bola que será estreada no Mundial de futebol deste ano na África do Sul. Quem, no entanto, poderá não ter razões para festejar o aparecimento desta nova bola é Cristiano Ronaldo. Segundo o físico inglês Ken Bray, os livres do português podem ser menos eficazes com a Jabulani, porque esta será mais estável.
“Se Ronaldo chutar esta bola com a mesma técnica [pouco efeito], não vai produzir o mesmo resultado. Não vai voar de forma tão imprevisível”, explica Ken Bray, autor do livro How to score: science and the beautiful game, afirmando que a nova bola será menos propensa a trajectórias “malucas”, até porque tem só oito painéis e surge agora com pequenas saliências que a ajudam a estabilizar.
Mas por que razão Ronaldo poderá ser mais afectado do que os outros? Porque tem uma técnica diferente. “O marcador de livres convencional gosta de rematar a bola com efeito e, neste caso, ela faz uma curva previsível”, explica Ken Bray, um professor doutorado em Física Quântica e que desde 2000 se dedica à análise do futebol na Universidade de Bath: “Ronaldo desenvolveu uma técnica em que remata a bola com pouco efeito. Ao fazer isto, a bola movimenta-se entre as massas de ar e tem uma trajectória mais imprevisível”.
Este estilo tem uma consequência prática: “Quando Beckham remata, sabe onde a bola vai terminar. Quando Ronaldo remata, é um livre bonito, mas ele não sabe onde vai entrar, porque o voo da bola é muito caótico. Ronaldo é imprevisível, porque aproveita o caos criado pelo ar na bola”, afirma o físico inglês, salientando que não está a criticar o avançado do Real Madrid. Para Bray, o português aprendeu a aproveitar a instabilidade do esférico no Mundial 2006, com a Teamgeist, que foi um pesadelo para os guarda-redes.
Ken Bray, porém, considera que Ronaldo é suficientemente “talentoso” para mudar a sua técnica. “Provavelmente terá de dar mais efeito na bola”, aponta o inglês, para quem o avançado do Real Madrid poderá fazer essa avaliação quando a Adidas disponibilizar a nova bola, no período de adaptação antes do Mundial.
O físico destaca, aliás, a técnica única do português, que é mais eficaz longe da baliza (a 25 ou 30 metros), por duas razões: “Primeiro, ele bate na bola com muita força, impondo velocidades acima de 30 metros por segundo. [108km/h]. Em segundo, o efeito caótico necessita de algum espaço para se desenvolver”, salienta Bray.
Esta técnica de Ronaldo só é comparável à knuckelball do basebol, em que o lançador segura a bola com os nós dos dedos indicador e médio. Esta técnica permite não dar efeito à bola e deixá-la à mercê do ar, provocando uma trajectória mais incerta.
Os rematadores clássicos de livres dão efeito à bola, que desenham curvas como os remates de David Beckham e Roberto Carlos. Mas na actualidade há outro jogador que tem uma técnica pouco usual: Didier Drogba, que remata com a parte interior do pé. Ken Bray afirma que, no caso do costa-marfinense, “o contacto do pé na bola acontece ligeiramente acima do centro”, pelo que o avançado do Chelsea “consegue rematar com topspin a partir do chão”, dando um efeito semelhante aos dos tenistas quando batem a bola por cima. “A bola voa sobre a barreira e desce muito rapidamente”, diz.
Bray afirma que o estilo de Drogba lhe recorda a forma como Eusébio fazia alguns remates. “Em 1966, nos penáltis contra a Coreia do Norte, Eusébio rematou com a parte interior do pé, com a mesma técnica do Drogba”, conta o inglês.
(Fonte: Público)
(Fonte: Público)
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