Passados muitos anos, o Sporting compreendeu por fim o que, na sua essência, faz um clube de futebol: compra jogadores.
Corre o risco de se descaracterizar? Corre, pois. E é uma pena.
Estava curioso para saber onde ia parar um clube de futebol cuja estratégia não passava necessariamente por se ocupar do futebol.
Era um clube de futebol, sim, mas dirigido por praticantes de ténis e de golfe, que se recusavam a participar no folclore das contratações, da promessa de títulos, e da denúncia de atos de corrupção desportiva. Em contrapartida, o enfoque dado aos aspetos financeiros era tão grande que ainda hoje há muitos sportinguistas que não percebem como é que o Sporting, depois de tanta conversa, não conseguiu contratar aquele avançado escocês, o Project Finance.
Até há bem pouco tempo, o Sporting era como aqueles restaurantes que têm uma fachada apelativa, uma decoração glamorosa, um serviço irrepreensível e um ambiente requintado; só a comida é que deixa muito a desejar. Mas o resto, à volta, é espetacular (tirando o empregado de mesa que ganha 450 euros por mês, mas que nos olha dos pés à cabeça como se ele fosse o herdeiro do Américo Amorim).
Nunca passou, por exemplo, pela cabeça de José Eduardo Bettencourt antes de se candidatar que a equipa de futebol fosse medíocre. Não, o problema não era esse - o antigo presidente é que não tocava maracas ao som do hino do clube. E qualquer sócio que se preze, quando o seu presidente não meneia as ancas ao som do hino, nem sequer equaciona a hipótese de ir ao estádio ver um jogo da sua equipa.
(Autor: MIGUEL GÓIS)
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