Nele está incluído este meu artigo.
A minha forte ligação ao futebol moçambicano - III
Depois de nos dois artigos anteriores ter falado do porquê da escolha do nome, das cores, emblema e primeiros títulos desportivos, neste terceiro e último sobre a história do Costa do Sol, sucessor do Sport Lourenço Marques e Benfica, no período em que fui seu dirigente, falarei das primeiras participações na Taça dos Campeões Africanos em futebol e da sua ligação à Electricidade de Moçambique que dura até hoje.
Após a conquista do primeiro título nacional em 1978, o clube participou pela primeira vez na sua história na Taça dos Campeões Africanos, em 1979.
Na condição de Vice-Presidente e responsável pelo futebol do clube, tive o previlégio de chefiar a comitiva nas suas deslocações ao estrangeiro, por delegação do Presidente que nunca viajou com a equipa.
Começámos a nossa participação jogando contra o Bilima do Zaire (actual Rep. Democrática do Congo), país na altura governado pelo ditador Mobutu Sese Seko.
Obviamente fomos eliminados pois não só não tínhamos experiência internacional, como o Zaire era um dos países fortes do futebol africano da época. Não esqueço que jogámos em Kinshasa perante cerca de 70.000 espectadores!
Ao revalidar o título nacional, voltámos a participar na edição de 1980 e desta vez já conseguimos eliminar uma equipa de Madagáscar, antes de sermos eliminados por uma equipa zambiana.
Moçambique quando se tornou um país independente (25.06.1975), adoptou o regime comunista visto que a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), que lutou contra o exército português pela independência, era fortemente apoiada pela antiga União Soviética.
Se a obrigatoriedade da mudança de nome e cores já era uma consequência da política do país, em 1981 surgiu outra. A obrigação de todos os clubes se integrarem em grandes empresas ou serviços públicos.
Pelo facto da sede do clube se situar em frente à Electricidade de Moçambique, negociámos com essa empresa pública, a nossa integração na mesma.
Como a empresa não estava devidamente preparada para esse efeito, fui convidado a transferir-me para a mesma com a finalidade de trabalhar a tempo inteiro no clube.
Tornei-me dirigente profissional!
Alguns meses antes da integração, a época não nos corria de feição e resolvemos mudar de treinador. Porém as opções no mercado local não eram muitas e queríamos a todo o custo conquistar o tri-campeonato. Sabendo que em Nampula, cidade a norte de Moçambique (onde nasceu Carlos Queiroz), havia um treinador argentino (Jorge Reyna), exilado político da ditadura de Pinochet, a dar nas vistas, desloquei-me a essa cidade a fim de convencê-lo a vir para o clube. Missão coroada de êxito e embora não tenhamos conseguido vencer o campeonato, vencemos a primeira Taça de Moçambique, participando na época seguinte (1982) na Taça das Taças Africanas, mais uma vez sendo eliminados nas primeiras eliminatórias.
Graças ao cargo que exercia no clube, conheci o nosso grande capitão Mário Coluna quando este foi viver em Moçambique, sua terra natal, e treinar o Ferroviário de Maputo.
Lembro-me de anos mais tarde, quando eu já vivia em Lisboa e ia ao antigo Estádio da Luz, em frente da estátua de Eusébio, o encontrei por diversas vezes e falávamos sobre o futebol moçambicano, do qual ele chegou a ser seleccionador e mais tarde Presidente da Federação.
Passados 35 anos da independência, a lembrança colonial já se desvaneceu um pouco, e já existem novamente alguns Benficas e Sportings em Moçambique. Quanto ao Costa do Sol, essa possibilidade de mudança para Benfica nunca foi equacionada porque o clube atingiu o estatuto de clube com mais títulos nacionais moçambicanos e por isso não fazia muito sentido regressar às origens. Mas tanto quanto sei, o benfiquismo mantém-se na maior parte dos seus adeptos, pois ainda lá tenho grandes amigos ligados ao clube ao mais alto nível.
Por isso até criei um blog em parceria com os mesmos (Blog dos canarinhos – http:// blogcostadosol.blogspot.com)
Palmarés actual do clube: 9 campeonatos nacionais e 11 taças de Moçambique.
A seguir vem o Ferroviário com 9 campeonatos e 4 taças, o Desportivo com 6 campeonatos e 2 taças e o Maxaquene (ex-Sporting de L.Marques) com 4 campeonatos e 8 taças, todos de Maputo também.
(Manuel Oliveira)
Após a conquista do primeiro título nacional em 1978, o clube participou pela primeira vez na sua história na Taça dos Campeões Africanos, em 1979.
Na condição de Vice-Presidente e responsável pelo futebol do clube, tive o previlégio de chefiar a comitiva nas suas deslocações ao estrangeiro, por delegação do Presidente que nunca viajou com a equipa.
Começámos a nossa participação jogando contra o Bilima do Zaire (actual Rep. Democrática do Congo), país na altura governado pelo ditador Mobutu Sese Seko.
Obviamente fomos eliminados pois não só não tínhamos experiência internacional, como o Zaire era um dos países fortes do futebol africano da época. Não esqueço que jogámos em Kinshasa perante cerca de 70.000 espectadores!
Ao revalidar o título nacional, voltámos a participar na edição de 1980 e desta vez já conseguimos eliminar uma equipa de Madagáscar, antes de sermos eliminados por uma equipa zambiana.
Moçambique quando se tornou um país independente (25.06.1975), adoptou o regime comunista visto que a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), que lutou contra o exército português pela independência, era fortemente apoiada pela antiga União Soviética.
Se a obrigatoriedade da mudança de nome e cores já era uma consequência da política do país, em 1981 surgiu outra. A obrigação de todos os clubes se integrarem em grandes empresas ou serviços públicos.
Pelo facto da sede do clube se situar em frente à Electricidade de Moçambique, negociámos com essa empresa pública, a nossa integração na mesma.
Como a empresa não estava devidamente preparada para esse efeito, fui convidado a transferir-me para a mesma com a finalidade de trabalhar a tempo inteiro no clube.
Tornei-me dirigente profissional!
Alguns meses antes da integração, a época não nos corria de feição e resolvemos mudar de treinador. Porém as opções no mercado local não eram muitas e queríamos a todo o custo conquistar o tri-campeonato. Sabendo que em Nampula, cidade a norte de Moçambique (onde nasceu Carlos Queiroz), havia um treinador argentino (Jorge Reyna), exilado político da ditadura de Pinochet, a dar nas vistas, desloquei-me a essa cidade a fim de convencê-lo a vir para o clube. Missão coroada de êxito e embora não tenhamos conseguido vencer o campeonato, vencemos a primeira Taça de Moçambique, participando na época seguinte (1982) na Taça das Taças Africanas, mais uma vez sendo eliminados nas primeiras eliminatórias.
Graças ao cargo que exercia no clube, conheci o nosso grande capitão Mário Coluna quando este foi viver em Moçambique, sua terra natal, e treinar o Ferroviário de Maputo.
Lembro-me de anos mais tarde, quando eu já vivia em Lisboa e ia ao antigo Estádio da Luz, em frente da estátua de Eusébio, o encontrei por diversas vezes e falávamos sobre o futebol moçambicano, do qual ele chegou a ser seleccionador e mais tarde Presidente da Federação.
Passados 35 anos da independência, a lembrança colonial já se desvaneceu um pouco, e já existem novamente alguns Benficas e Sportings em Moçambique. Quanto ao Costa do Sol, essa possibilidade de mudança para Benfica nunca foi equacionada porque o clube atingiu o estatuto de clube com mais títulos nacionais moçambicanos e por isso não fazia muito sentido regressar às origens. Mas tanto quanto sei, o benfiquismo mantém-se na maior parte dos seus adeptos, pois ainda lá tenho grandes amigos ligados ao clube ao mais alto nível.
Por isso até criei um blog em parceria com os mesmos (Blog dos canarinhos – http:// blogcostadosol.blogspot.com)
Palmarés actual do clube: 9 campeonatos nacionais e 11 taças de Moçambique.
A seguir vem o Ferroviário com 9 campeonatos e 4 taças, o Desportivo com 6 campeonatos e 2 taças e o Maxaquene (ex-Sporting de L.Marques) com 4 campeonatos e 8 taças, todos de Maputo também.
(Manuel Oliveira)
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