O Dr. Ricardo Costa, principal responsável pela conquista do campeonato passado, segundo a corruptagem, escreveu um bom artigo de opinião sobre questões relacionadas com a selecção nacional, seleccionadores, etc.
Com a chegada de Paulo Bento ao leme da Seleção Nacional, espera-se um tempo de acalmia. Desde que Carlos Queiroz divulgou a convocatória dos jogadores escolhidos para ir ao Mundial não houve mais serenidade na “equipa de todos nós”. Assistimos a um turbilhão de lamúrias e incertezas. O que era previsível. Com planificação rigorosa e seriedade inquestionável no trabalho, Queiroz não tem, porém, o carisma necessário nem teve a sensibilidade para recriar a identidade entre o “clube nacional” e os portugueses – em particular aqueles que foram para os estádios com a bandeira de Scolari. Não soube explicar as suas escolhas e não logrou anular a desconfiança. Não calculou a fasquia: não pode dizer que tinha um sonho e mais tarde defender-se com a derrota com o campeão do Mundo.
Queiroz também não percebeu que a Seleção Nacional já não é aquele conjunto de miúdos que confiavam cegamente nele durante as infindáveis semanas de estágios na década de 80 e princípios de 90. A Seleção é hoje um conjunto de “egos”, que aspiram a uma vida melhor ou já só gerem “bem-estar” e ambições desportivas pessoais. Parece-me que Queiroz e os seus próximos não compreenderam que as motivações e as lideranças num grupo desta natureza não correspondem à gestão plural e concertada dos cadernos do seu gabinete. Talvez resulte em Manchester, mas aí manda depois sir Ferguson!
É neste âmbito que explico as renúncias de Simão, Paulo Ferreira e Miguel. Em especial a de Simão. Não é normal um jogador desta qualidade abandonar a Seleção com a idade que tem. Mas é o paradigma: (i) Simão gere a última fase da sua vida desportiva como atleta; (ii) a Seleção já não lhe dá visibilidade nem proveito. Quando chega aos aeroportos, é Ronaldo a estrela e o foco das atenções; Nani supera-o nos autógrafos e relega-o para o banco. Depois de Figo lhe fazer sombra, entenderá que não tem de ser figura secundária. Em Madrid é estrela entre estrelas. Se o líder não lhe dá um “papel” que estimule o seu “ego” dentro da Seleção, Simão desmotiva-se e vai embora. Como foi.
Essas renúncias terão sido decisivas para a decisão arriscada (e incompreensível para muitos) de Madaíl tentar o “resgate” de Mourinho. Reconhecido pela ascensão (ou recuperação) de jogadores no plano motivacional, Mourinho daria o suplemento de alma e pararia a hemorragia, na transição para a estabilidade. Controlaria os “egos” com o seu “superego”, o tal que busca a perfeição.
Madaíl guardou em sigilo a operação. Assegurou a anuência de Mourinho e tinha em cima da mesa a hipótese de Florentino Pérez não se opor. Contudo, foi aniquilado pela desastrosa comunicação da investida – queimou-se praticamente tudo nos jornais e nas televisões enquanto Madaíl viajava para Madrid. Quando aterrou, já estava difícil, mesmo com Jorge Mendes. Quando regressou, a pressão dos media já arrumara a possibilidade. Pérez disse-lhe por fim o óbvio. Em suma: a fase crucial da operação foi letal. Se se tivesse mantido a discrição, talvez Mourinho tivesse trocado as férias agendadas em Madrid. E assim chegámos aqui, com o beneplácito de quem conta…
Boa sorte, Paulo Bento!
Com a chegada de Paulo Bento ao leme da Seleção Nacional, espera-se um tempo de acalmia. Desde que Carlos Queiroz divulgou a convocatória dos jogadores escolhidos para ir ao Mundial não houve mais serenidade na “equipa de todos nós”. Assistimos a um turbilhão de lamúrias e incertezas. O que era previsível. Com planificação rigorosa e seriedade inquestionável no trabalho, Queiroz não tem, porém, o carisma necessário nem teve a sensibilidade para recriar a identidade entre o “clube nacional” e os portugueses – em particular aqueles que foram para os estádios com a bandeira de Scolari. Não soube explicar as suas escolhas e não logrou anular a desconfiança. Não calculou a fasquia: não pode dizer que tinha um sonho e mais tarde defender-se com a derrota com o campeão do Mundo.
Queiroz também não percebeu que a Seleção Nacional já não é aquele conjunto de miúdos que confiavam cegamente nele durante as infindáveis semanas de estágios na década de 80 e princípios de 90. A Seleção é hoje um conjunto de “egos”, que aspiram a uma vida melhor ou já só gerem “bem-estar” e ambições desportivas pessoais. Parece-me que Queiroz e os seus próximos não compreenderam que as motivações e as lideranças num grupo desta natureza não correspondem à gestão plural e concertada dos cadernos do seu gabinete. Talvez resulte em Manchester, mas aí manda depois sir Ferguson!
É neste âmbito que explico as renúncias de Simão, Paulo Ferreira e Miguel. Em especial a de Simão. Não é normal um jogador desta qualidade abandonar a Seleção com a idade que tem. Mas é o paradigma: (i) Simão gere a última fase da sua vida desportiva como atleta; (ii) a Seleção já não lhe dá visibilidade nem proveito. Quando chega aos aeroportos, é Ronaldo a estrela e o foco das atenções; Nani supera-o nos autógrafos e relega-o para o banco. Depois de Figo lhe fazer sombra, entenderá que não tem de ser figura secundária. Em Madrid é estrela entre estrelas. Se o líder não lhe dá um “papel” que estimule o seu “ego” dentro da Seleção, Simão desmotiva-se e vai embora. Como foi.
Essas renúncias terão sido decisivas para a decisão arriscada (e incompreensível para muitos) de Madaíl tentar o “resgate” de Mourinho. Reconhecido pela ascensão (ou recuperação) de jogadores no plano motivacional, Mourinho daria o suplemento de alma e pararia a hemorragia, na transição para a estabilidade. Controlaria os “egos” com o seu “superego”, o tal que busca a perfeição.
Madaíl guardou em sigilo a operação. Assegurou a anuência de Mourinho e tinha em cima da mesa a hipótese de Florentino Pérez não se opor. Contudo, foi aniquilado pela desastrosa comunicação da investida – queimou-se praticamente tudo nos jornais e nas televisões enquanto Madaíl viajava para Madrid. Quando aterrou, já estava difícil, mesmo com Jorge Mendes. Quando regressou, a pressão dos media já arrumara a possibilidade. Pérez disse-lhe por fim o óbvio. Em suma: a fase crucial da operação foi letal. Se se tivesse mantido a discrição, talvez Mourinho tivesse trocado as férias agendadas em Madrid. E assim chegámos aqui, com o beneplácito de quem conta…
Boa sorte, Paulo Bento!
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