Época 2015/16

Época 2015/16

Perturbações

O jornalista Rui Santos, goste-se ou não, é um dos poucos que vai tendo a coragem de denunciar alguns podres do futebol português.
A propósito do caso Queiroz, da falta de coragem da direcção da FPF, diga-se Gilberto Madaíl e da intromissão do Secretário de Estado do Desporto no caso, escreveu um bom artigo de opinião.
Para o poder político esta lengalenga da autonomia do movimento associativo dá muito jeito. É uma faca de dois gumes. Aliás, o conceito já encerrava “ab initio” esse pressuposto. Para haver um limbo. Para justificar a (não) intervenção do Estado.
Sou a favor da tese, do ponto de vista formal, mas também sou acérrimo crítico às condições em que (não) se regula esse mesmo movimento associativo. Isto é: se ele funcionasse, com as suas entidades, órgãos e regras, seria um sossego para todos e para quem tutela a pasta do Desporto. Simplesmente esse é o nó górdio que ninguém vai conseguir desatar, perante os alicerces em que assenta a organização do futebol mundial, com as particularidades muito peculiares da bola lusa, porque a FIFA tomou conta disto tudo, distribuindo lugares, mordomias e muitos milhões em razão do meganegócio que conseguiu projetam, com a bênção de quase todos os Governos e, neste particular, não há razão para críticas supletivas nem ao secretário de Estado do Desporto nem ao chefe do executivo português, porque esta é a realidade global e não vale a pena perorar perante os exercícios de genuflexão que as confederações, as federações, as associações e a tutela vão fazendo, com o aparecimento de estádios e mais estádios, aparentemente justificados de acordo com as organizações de campeonatos da Europa e do Mundo, palcos de atração de massas e muita demagogia.
Não quero atribuir significado especial ao facto de se estarem quase a cumprir 11 anos sobre o momento em que José Sócrates, então como ministro-adjunto de António Guterres, a escassos 13 dias do fim do mandato do XIII Governo Constitucional de Portugal, celebrou a vitória da candidatura do nosso país ao Euro’2004. Estava lá, pois claro... Gilberto Madaíl. A celebração foi quase nacional e permitiu-nos um mês de êxtase com a realização do Europeu. Os menos otimistas com a empresa foram tratados como “velhos do Restelo”, engolidos pela onda de populismo. Hoje “é um dia importante”. Gente ilustre da FIFA inspeciona as condições que podemos oferecer para albergar, com a Espanha, o Mundial de 2018 ou 2022.
Não seria, pois, muito conveniente que ao longo do dia de ontem o acórdão do ADoP pudesse ser conhecido. Poderia perturbar o controlo da FIFA e, como bem se sabe, vivemos um tempo de muitas perturbações, e não devemos igualmente perturbar o trabalho que José Mourinho e Cristiano Ronaldo já começaram a realizar em Espanha, com especial fervor patriótico. E a ver vamos quem assina o acórdão...
Segundo o Tribunal de Contas, o encargo público com o projeto Euro’2004 foi de, pelo menos, 1.035 mil milhões de euros e o impacto do PIB, segundo o citado estudo do ISEG, não foi significativo. Segundo o Eurostat, o turismo em Portugal apresentou um decréscimo do número de dormidas em hotéis no período de janeiro a setembro de 2004 comparativamente ao período homólogo de 2003. Não aprendemos a lição. Mas isso não interessa nada. Agora a palavra de ordem (enganadora) é “rentabilizar” e... despachar o selecionador. Que vergonha!
NOTA – Será que Amândio de Carvalho já está a participar na construção da... “nova FPF”?! Ai este país...

6 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Eu gosto de ouvir o Rui Santos

Costuma dizer verdades embora por vezes se não goste delas

Saudações amigo Manuel
.

Manuel Oliveira disse...

É verdade, amigo A.L.!

Abraço.

Miguel Angelo disse...

Caro Manuek, já sou seguidor do seu blog.

cumprimentos e obrigado pelo seu comentário no meu blog.

Manuel Oliveira disse...

Obrigado Miguel!

JM disse...

Manuel, Rui Santos é apenas um boneco que gosta de fazer show-off, nada mais que isso, incoerente nas suas opiniões, e com uma paixão avassaladora por C.Queiróz...

Bimbosfera disse...

Acho que é tudo verdade, do Rui Santos, tanto parece um boneco, como tem incrível paixão por Queirós, como diz algumas verdades, como implica com várias coisas, como acha que percebe de futebol mais do que aquilo que realmente percebe... Manias, não é?
É no entanto um bom artigo!

Abraço

Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

Bimbosfera.blogspot.com

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