Benfiquistas, leiam e reflitam!

Numa altura em que os mais fracos e pessimistas enveredam pela crítica afiada e por sinais reveladores de alguma angústia em que nem sequer faltou aquela escassa minoria que fazendo parte da família benfiquista ou não, optam pela sempre lamentável amostragem de lenços brancos, impõe-se uma séria e serena reflexão de todos os benfiquistas.

Pela nossa parte ao fazê-lo, exprimimos como é óbvio pontos de vista pessoais que poderão ser contraditados, sendo que se nos é lícito pedir, que os benfiquistas o façam com toda a objectividade e serenidade possíveis, para podermos em conjunto contribuir para a solução do que está menos bem e não, pelo contrário, para o seu agravamento.

Certamente na mente de cada um de nós, temos críticas a fazer e um entendimento das razões e factos que têm contribuido para o actual estado de circunstâncias. Não duvidamos por um minuto que seja da sua bondade. Mas, por muito que saibamos e por muitos dados que tenhamos, importa sublinhar que estamos de fora, e qualquer análise ou qualquer opinião estará sempre carregada de uma boa dose de subjectividade.

Tentemos não cair na tentação fácil que vemos nos media de analisar e especular com base em rumores, opiniões de corredores, no fundo o diz-se que diz-se, para o qual, é preciso que não o escamoteemos, têm contribuido também alguns benfiquistas.

Com tudo isso em mente, tentaremos não falar de árvore ou árvores mas sim da floresta, porque se na época finda o fizemos quando ganhámos, igual procedimento deveremos agora ter quando estamos numa fase menos positiva. Ninguém ganha ou perde sózinho, pelo que mantenhamos essa máxima sempre em equação.

Os resultados desta época do Benfica estão, sem qualquer sombra de dúvida, muito aquém do esperado. Não só porque se tem vivido na sombra e na memória do passado recente, como de facto, seja qual for o prisma porque os observemos, eles não estão à altura dos pergaminhos dos encarnados e até desvirtuam o prestígio que temos na Europa e no Mundo.

Seria fácil, até demasiado fácil, apontar o dedo a A, B ou C, como fazem muitos croniqueiros da comunicação social e muitos dos que se dizem benfiquistas nas horas exaltantes das vitórias, mas que alinham objectivamente com os nossos adversários, na altura dos desaires. Sabemos que existem e sentimos o seu pulsar quando o Benfica está na mó de baixo.

Não concordamos minimamente com a sua política de terra queimada, mas não poderemos olvidar a sua existência. Existem alguns que apenas combatem o poder porque não fazem parte dele e confundem amiúde o Benfica que somos todos nós, com os dirigentes ou com os treinadores que no momento se encontram à frente do clube.

Ser do Benfica não basta dizer que se é diferente. Há que parecê-lo também e agir de conformidade. E sendo o Benfica um histórico clube democrático, todas as opiniões, todas as críticas e todos os contributos serão benvidos, desde que tenham como objectivo, reduzir assimetrias, resolver problemas ou acelerar o desenvolvimento do clube.

Ser do Benfica não é dizer amén a todas as medidas propostas ou seguidas pela direcção que estiver em exercício, mas discordar quando for o caso e apresentar as suas ideias que poderão até ser melhores. Mas isso tem regras e sobretudo locais para o fazer, e várias vezes temos visto que tal não acontece preferindo os que o fazem a exposição pública, porque o seu ego assim o exige. Isso não é discordar da direcção, isso é desrespeitar o Benfica enquanto clube com uma profunda natureza democrática.

Neste momento e relativamente ao futebol profissional, entendemos que urge fazer uma reflexão conjunta; da direcção, da equipa técnica, dos jogadores e dos sócios e simpatizantes. Não vale a pena insistir num discurso optimista se não criarmos condições para que ele tenha consistência e nos faça acreditar. Sem euforias mas também sem traumas.

Algo não está bem como é evidente para todos. Mas é agora que deveremos reflectir e pensar que não é com lamúrias ou recriminações que chegaremos seja onde for. Cada um, seja qual a sua posição, deve fazê-lo e pensar que ele próprio não está isento de erros em todo o percurso. A ultrapassagem dos erros e das insuficiências começam no preciso momento em que reconhecemos tê-los cometido.

A Direcção porque eventualmente falhou em determinadas situações, a equipa técnica porque terá tomado opções erradas, os jogadores porque nem sempre estiveram bem e devem estar cientes do que é vestir a camisola do Benfica, e os sócios e simpatizantes porque se calhar não cumpriram a missão perene de apoiar a equipa, sobretudo quando ela mais precisava. E de nada adianta virem alguns profetas dizer que isso não se aplica porque foi a própria direcção a apelar para os adeptos não estarem presentes nos jogos fora, porque essa é uma questão que não colhe por razões mais do que óbvias.

Se todos cumprirem a sua parte, estamos convictos que teremos todas as condições para ultrapassar este momento menos bom, pelo que ninguém deve ficar de fora, sob pena de corrermos para uma situação que se poderá tornar incontrolável.

Não nos devemos esquecer que o que está a acontecer é essencialmente de natureza endógena, pelo que somos nós e apenas nós, que teremos que encontrar as soluções para minorar e erradicar os pontos mais débeis, pois temos todas as hipóteses, sem falsos optimismos, de o conseguir.

Mas se continuarmos a pensar que o mal está sempre nos outros e não fizermos nós próprios uma reflexão séria, profunda e ponderada e não assumirmos os lapsos que cada um de nós tem cometido, então, é certo e seguro, que jamais o conseguiremos!

(Anti-Benfica.COM)