Época 2015/16

Época 2015/16

O adeus dos símbolos

A constante evolução da sociedade e as frequentes mutações do quotidiano levam-nos a que repentinamente possamos atingir e passar por situações inesperadas que não estavam minimamente no nosso horizonte. É a lei natural das coisas a que não podemos fugir porque não está normalmente ao nosso alcance impedir que elas aconteçam. É assim em termos individuais e colectivos.

O Benfica, tal como outros clubes desportivos, nasceu, cresceu e solidificou-se com o apego a valores morais e tradicionais que fizeram dele um dos mais conhecidos clubes mundiais, porque soube interligar as sinergias potenciadas na frente desportiva com as da vertente social, que se viriam a revelar indissociáveis da sua matriz e da sua imagem.


Ao longo de mais de um século de actividade ininterrupta, o Benfica ficou amplamente conhecido em todo o mundo por aquilo que fez e por aquilo que passou a representar. Centenas de dirigentes, milhares de atletas e de colaboradores e a mole incomensurável de adeptos e simpatizantes unidos pela motivação e pela paixão, e seguindo o lema que caracteriza os encarnados
E Pluribus Unum, têm dado o seu melhor em prol de um esforço colectivo e têm contribuido decisivamente para o seu sucesso.

Nesse enquadramento e porque o sucesso colectivo não seria possível sem sucessos individuais, muitos foram os dirigentes, os atletas, os colaboradores e os adeptos e simpatizantes que se distinguiram durante a sua secular existência. Existe uma palavra que assentou arraiais entre nós e que nos tem acompanhado – a mística – , que tem simbolizado o querer, a perseverança e a constante procura de ser melhor desportivamente respeitando os outros, sem olvidar a importantíssima componente social que sempre fez parte dos nossos objectivos e da nossa matriz.


A
revolução dos cravos veio introduzir um conjunto enormíssimo de novas situações e as convulsões registadas nas nossas ex-colónias seguidas da independência, vieram pôr fim ao fluxo de jogadores oriundos dos novos países africanos, principal mercado abastecedor do Benfica que até aí se orgulhava de ter vencido na Europa apenas com jogadores portugueses. Por via disso essa exclusividade foi alterada em 1978 quando uma histórica assembleia aprovou a possibilidade do Benfica poder passar a contratar jogadores estrangeiros.

A década de 80 trouxe alterações profundas ao futebol português que passou a ser vulgarmente conhecido pelo futebol
portoguês. A sucessão de nefastos acontecimentos é conhecida de todos. Mas, para além disso, o Benfica começou a contratar jogadores estrangeiros que, sem pôr em causa as suas aptidões, trouxeram também algum mercenarismo, pelo que a tão propalada mística começou lentamente a ser varrida para o caixote do lixo da história.

O futebol foi-se tornando cada vez mais um mero negócio que atraiu toda uma multidão de
novos descobridores, cujo único objectivo passou a ser o vil metal que se extendeu a todos os intervenientes do desporto-rei, sendo que mais tarde a Lei-Bosman acabou por revolucionar completamente as relações clubes-jogadores. E isso significou basicamente a possibilidade dos clubes economicamente mais poderosos passarem a ditar as regras do mercado de uma forma implacável.

Os clubes portugueses por razões óbvias ficaram assim impedidos de competir em pé de igualdade com os grandes potentados estrangeiros, pelo que tiveram que procurar novos mercados mais acessíveis, cujos jogadores em início de carreira começaram a ver os nossos principais clubes apenas como
uma porta de entrada na Europa dos ricos.

Essa
nova ordem e essa nova política têm tido como consequência que o Benfica tem vindo paulatinamente a ter cada vez mais menos jogadores portugueses e sendo assim, a tão importante mística é pouco mais do que uma vaga recordação. A tendência dos próprios jogadores portugueses do plantel é manterem-se cada vez menos épocas ao seu serviço.

Focando-nos na actualidade, havia apenas três
resistentes que se mantinham há vários anos no Benfica sendo esses os porta-estandartes da tal mística benfiquista. Num ápice foram-se! Pedro Mantorras porque tinha problemas físicos insolúveis, Nuno Gomes porque pretendia jogar pelo menos mais um ano e por opção do treinador deixou de ter lugar no plantel, e finalmente José Moreira que havia 12 anos que estava ao serviço dos encarnados e que acaba de sair por opção pessoal.

Qualquer dos três encarnavam o espírito benfiquista, apesar do Nuno só ter sido consensual a partir do momento em que se vislumbrou a porta de saída. Todos eram queridos pelos adeptos e simpatizantes. Se tendo em conta a actual conjuntura, as suas saídas configuram ao fim e ao cabo saídas normais, não é menos certo que com eles foi-se, atrever-nos-íamos a dizer, quase tudo do que ainda restava da mística.


Para além de lhe desejarmos os maiores êxitos pessoais e de lhe agradecer enquanto adeptos a sua postura enquanto defenderam as cores encarnadas, nada mais nos resta do que assumirmos a realidade que por mais que nos desgoste é um facto real e indiscutível.


E esperar que a estrutura benfiquista saiba transmitir aos novos jogadores o que representa vestir o símbolo do Glorioso, recuperando a pouco e pouco
a tal mística que deixámos perder...

1 comentário:

BENFIQUISTA disse...

os jogadores, sejam portugueses ou estrangeiros nao importa nada.
o que importa é que sejam grandes jogadores e que queiram ganhar sempre.
jogadores sedentos de titulos é o que o Benfica precisa, quere sempre mais e melhor.
sendo assim, nao importa a nacionalidade do jogador, mas sim, a qualidade, o querer conquistas, vitorias e consegui las.

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