Época 2015/16

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Benfica versus FC Porto, a diferença está nos reforços

O Benfica voltou a ser líder ao fim de 609 dias e, se bater o Setúbal, irá virar a página do campeonato sozinho no topo da classificação, o que já não acontece desde 1993/94. Os dois pontos que o separam agora do FC Porto têm um valor marginal e, obviamente, não permitem nada de conclusivo do ponto de vista aritmético. Mas podem valer bem mais do que isso. Porque podem ser o prenúncio de uma tendência nova. Há vários sinais a apontar nesse sentido, a começar pelo facto de o Benfica ter mais pontos do que somava, à passagem da 14.ª jornada, no ano do título em 2009/10 (36 contra 33).
A última jornada serviu também para o Benfica se assumir como a equipa mais fecunda do campeonato. Tem agora 34 golos marcados, o que dá a interessante média de 2,4 tentos por jogo. Há ainda a interessante circunstância de metade (17) desses golos ter sido marcada de pé esquerdo, o que denuncia a aposta em jogadores canhotos de qualidade.
A qualidade dos reforços acaba, de resto, por ser uma boa parte da explicação para a realidade que é agora espelhada pela classificação geral (mesmo levando em conta o "patinho feio" Emerson). Artur não só resolveu o trauma em que se tinha tornado a baliza benfiquista como soube afirmar-se como um guarda-redes capaz de ganhar pontos; Garay está a contribuir, ao lado de Luisão, para que o Benfica tenha a melhor dupla de centrais do futebol português; Witsel confirmou o selo de qualidade com que foi anunciado e é hoje fulcral nos equilíbrios da equipa, havendo ainda Matic para substituir Javier Garcia quando é necessário. O jovem Rodrigo é um avançado com características que não existiam no plantel, designadamente ao nível da explosão e da verticalidade. Tem ainda mais golo nas botas do que Nélson Oliveira, outra solução interessante.

Mas onde a diferença é mesmo abissal relativamente ao passado recente é nas alas, sector que não mereceu a devida atenção na época passada, quando vivia quase apenas à custa de Gaitán. O argentino está agora bem mais integrado. Que sabia jogar e conhece o ofício como poucos, ninguém duvidava. Mas soube mesclar-se perfeitamente com Aimar e com Cardozo. Muitas vezes, é ele quem decide como e quando é que o Benfica ganha o jogo.

Mas, para além de Gaitán, há agora também a classe pura de Bruno César. Para além do remate espontâneo e demolidor, é feito da madeira dos que são capazes de se banhar num aquário de tubarões. Destila qualidade. Nolito é feito de outra matéria, mas não deixa de ser uma solução interessante, pela velocidade, verticalidade e pela coragem como vai para cima dos adversários. E, neste aspecto, o panorama só não é ainda mais positivo porque Enzo Pérez se lesionou primeiro e, depois, mostrou não ter suporte psicológico suficiente para lidar com a pressão. É uma pena, porque é bem capaz de ser o reforço com mais classe pura.

Independentemente disso, salta à vista que oito dos 18 reforços do Benfica estão a ter um papel relevante, por vezes até essencial. No Benfica, com raras excepções, não há suplentes. Há é jogadores que jogam mais e outros que jogam menos. E isso pode vir a ser determinante, porque um título é ganho pelo plantel e não por apenas 11 jogadores.

O Sporting conseguiu algo de idêntico porque está a utilizar com regularidade 11 (Onyewu, Insúa, Rodríguez, Schaars, Rinaudo, Elias, Bojinov, Wolfswinkel, Capel, Carrilo e Jéffrén) dos seus 15 reforços (sem contar com os três que chegaram agora). Mas isso deve-se à revolução vivida em Alvalade e não reflecte a evolução que, por norma, se verifica numa equipa de futebol.

Até em resultado dessa diferença, a realidade do Benfica ao nível dos reforços contrasta flagrantemente com a do FC Porto, que só utiliza com regularidade três dos jogadores (Defour, Kléber e Djalma) que no Verão chegaram ao clube. Poder-se-ia acrescentar Mangala, que tem a classe que falta aos colegas de sector, mas, estranhamente, deixou de contar para Vítor Pereira depois de se lesionar.

Fruto desta situação e de uma má definição da política de contratações, o FC Porto passou a ter alguns titulares com asterisco. Por razões diferentes. Maicon não domina as artes da posição, não sendo razoável que seja titular e Sapunaru e Fucile fiquem de fora, mesmo que se saiba que estes dois últimos tenham andado inebriados com convites milionários que nunca se confirmaram. Como Walter nunca chegou a ser verdadeiramente uma alternativa a Falcao e não houve a paciência necessária com Kléber, Hulk teve de derivar para o meio, onde salta à vista que não é a mesma coisa. Pior do que isso, implicou a entrada na equipa de Djalma, que passou a levar para dentro do campo o rótulo de suplente impresso na testa desde que Varela se auto-excluiu ou, resta a dúvida, foi ostracizado. Conjugadas, são três debilidades que diminuem claramente o potencial do campeão nacional e que ajudam a explicar o pequeno atraso de uma equipa que há um ano levava tudo à frente.

Claro que também tem havido outro tipo de méritos deste Benfica que já não faz os exercícios de ferocidade de outros tempos, não impõe o mesmo ritmo trepidante nem "flirta" sem sossego com o golo, mas que se tornou numa equipa mais estilista e completa. Não há equipas dominantes sem maturidade, sem a aptidão para se manterem firmes em todos os jogos adversos. E, por vezes, os adversários do Benfica caem demolidos ante o seu talento individual, mas também, noutras ocasiões, em resultado da vitalidade e do poder energético colectivo.

De uma ou de outra forma, é uma equipa mais pragmática. Tem uma organização mais colectiva e organizada do jogo e apresenta soluções diversas na zona de construção. É capaz de reduzir com inteligência o espaço entre linhas e a mobilidade no miolo permite-lhe criar inúmeros movimentos de rotura.

E, quando as coisas não resultam colectivamente, o Benfica pode ser salvo pela genialidade de vários dos seus jogadores. Aimar, por exemplo, é um jogador diferente, tem a estranha natureza de ser construído com a pasta dos génios. Esconde toneladas de classe e imaginação num corpo de cristal.

Pelo contrário, o FC Porto não consegue governar os jogos com mãos de ferro, como acontecia nos melhores tempos de André Villas-Boas. Já não tem aquela facilidade insultante para dominar os jogos nem é capaz de instalar uma fábrica de futebol nas áreas adversárias. É uma versão mais rotineira e áspera, igualmente laboriosa, mas sem a mesma chama e sem a capacidade de converter os adversários em bonecos. Tem ainda pago o rendimento medíocre de vários (Rolando, Álvaro Pereira, Moutinho, Fernando, Varela...) dos seus jogadores, que andaram demasiado tempo a moverem-se de forma indolente, sem fé.

As diversas piruetas tácticas também não contribuíram para dar estabilidade ao FC Porto. Durante demasiado tempo, o seu futebol quase se resumiu a uma sucessão de corridas trapalhonas e passes imprecisos. Toda a gente trabalhava, mas com pouco sentido e precisão. Não era tanto um problema de voltagem, antes um problema de jogo, que fazia com que a equipa se enredasse em vícios. Hulk, por exemplo, tem andado obcecado em entrar por onde não deve.

Jorge Valdano costumava dizer que existe a fantasia de que um treinador é responsável por todas as variáveis que existem no futebol, incluindo as do azar. Vítor Pereira pode, eventualmente, queixar-se disso, sendo que provavelmente ninguém conseguiria passar incólume na situação que ele está a viver. E isso é decisivo porque uma equipa é também um estado de ânimo...

Mas, atenção, urgido pela necessidade, não é de excluir a possibilidade de o FC Porto reivindicar o seu estatuto e conseguir recuperar a maioria das essências que o tornam numa máquina de futebol ganhadora. Pode ter perdido o poder de intimidação, mas não deixou de ser uma equipa com muita riqueza...

bprata@publico.pt


Boa análise no meu ponto de vista!

8 comentários:

lawrence disse...

Se somos a equipa mais fecunda, fecundemos, hoje os chocos que pertencem à lota de contumil e no fim a lota toda de contumil desde as "peixeiras" que andam pelas têvês,passando pelo sr. reinaldo do talho e acabando nas bancas da fruta que por lá há!
De caminho a empregada e o dono da parafarmácia!

JJJ disse...

Também concordo com a análise, mas é uma análise apenas que diz respeito à 1ª volta deste campeonato, e há ainda muita água p'ra correr embaixo da ponte.

Para mim, a diferença entre fecepe e benfica nesta 1ª volta resume-se a apenas um detalhe: o centro-avante.
O benfica tem 2 ou 3(caso nolito jogue por ali) com reconhecida qualidade, o fecepe caça(va) com kleber e pelos vistos, não haverá fumo branco para que venha um avançado centro de jeito e que seja referencia na área.

Os benfikistas claramente vão cuspir abelhas africanas a dizer que o plantel encarnado é bem melhor, muito melhor, infinitamente melhor que o do fecepe.

Eu digo:pois pois, não foi sempre assim?
Quando é que algum benfikista reconheceu alguma vez na vida que o plantel do fecepe era melhor?
Nem nos tempos de mourinho, nem mesmo na época transacta...

Por isso é que este "mero" detalhe joga até agora a favor do benfica: tem goleadores como centro-avantes, que raramente falham as oportunidades, enquanto o nosso único centro-avante falha as oportunidades que tem de entrar a titular e mostrar serviço.

JJJ disse...

E digo que na minha opinião, o centro-avante faz toda a diferença porque os números não mentem.

O benfica tem 2 pontos e 2 golos a mais que o fecepe até o dia de hoje.

O fecepe com o quase velho nuno gomes de centro-avante, servido de bandeja por hulk e james, teria com certeza mais golos, daí vejam a diferença de ter ou não um centro-avante de qualidade.

BENFIQUISTA disse...

e depois acordavas jjj.
diferenças? sao tantas que chega a nao haver comparaçoes.
o Benfica é superior em todos os aspectos, logo sendo melhor é normal que vá à frente, o que está em causa é a diferença pontual neste momento que peca por escassa e muito devido a erros de arbitragem que beneficiaram os corruptos em alguns dos pontos que têm.
justo era o Benfica estar em primeiro com 6 ou 7 pontos de avanço para o segundo classificado.

quanto ao texto, tem algumas coisas que sao verdade mas tambem tem algumas que nao sao.
mas tambem o nome do autor do mesmo diz tudo.

Manuel disse...

A vantagem do FCP foi ter sido ajudado - a "mão invisível" habitual do princípios dos campeonatos - nos primeiros 3 ou 4 jogos. Eu ainda não me esqueci do que se passou e do empurrão que receberam. Se tem perdido 2 ou 3 pontos nesses jogos, como deveria ter acontecido, a vantagem do Benfica teria sido maior. E o discurso seria totalmente diferente.

JJJ disse...

Claro que o benfica é superior em todos os aspectos, daí esta diferença colossal e abissal de 2 pontos.

Não nos podemos esquecer que, segundo o comentadeiro, o fecepe teve ajudas e o benfica NUNCA foi beneficiado nesta liga até esta jornada, certo?

É por isso que se assumem como os paladinos da verdade desportiva, certo?

É por isso que quando o benfica é beneficiado, o comentadeiro é o 1º a vir aqui ao blog do manuel dizer que houve realmente benefício a favor do benfica, que o fulano do benfica devia ter visto o 2º amarelo, ou que simulou penalty, ou que deu uma cabeçada ou um coice no adversário, certo?

Ah pois...

BENFIQUISTA disse...

o Benfica beneficiado pela arbitragem? LOLOLOLOLOL
nao vás ao psiquiatra tratar isso nao...
esse comentario foi revelador quanto à tua insanidade.


jjj tem juizo pá, de certeza que nem tu proprio acreditas naquilo que escreves.

Ah pois...

Manuel disse...

1ª jornada. Guimarães-Porto – Olegário Benquerença. Comentário em inglês.

"A ARTE DE SABER JOGAR COM A MÃO, por João Querido Manha.

Em menos de um ano, Rolando escapou por 4 vezes ao penalti.
O que têm em comum Benquerença no Guimarães-Porto e três situações da época passada protagonizadas por André Gralha (Porto-Académica), Bruno Paixão (Nacional-Porto) e Soares Dias (Porto-Sportém)? A avaliação negativa da tendência do defesa Rolando de jogar a bola com a mão dentro da área.
Nenhum dos lances foi punido, em linha com uma nova tendência, mais permissiva, a ser seguida pela maioria dos juízes desde a época passada.

“O jogo foi decidido por um penalty que não existiu. É uma situação lamentável e que nos prejudicou”. Nilson, guarda-redes do Guimarães.

“Quem não este bem foi a equipa de arbitragem que julgou mal no lance da penalidade. Nem o V. Guimarães, nem ninguém, consegue segurar uma combinação ofensiva como aquela que resultou no golo do FC Porto. Uma movimentação maravilhosa, com vários jogadores, onde quase não se consegue ver a bola, a não ser no fundo da baliza.'' Manuel Machado., treinador do Guimarães.

2ª jornada. Porto Gil-Vicente. Rui Silva, condenado no Apito Dourado.

“Não pontuámos por questões que não podemos controlar” – Hugo Vieira.
“Existiram duas decisões mal ajuizadas, ao não ter mostrado o cartão vermelho ao Otamendi e na penalidade sobre o Hulk. Parece-me que o jogador que comete penalti (Otamendi) sobre o Vieira terá que ser expulso. Era o último jogador. Seria justo expulsar”. Paulo Alves.

5ª jornada
Feirense-Porto. Um penalty por marcar do Bellushi contra o Porto. O árbitro deu amarelo ao jogador do Feirense por simulação!!!

7ª jornada
Benfica- P.Ferreira - O árbitro anulou um golo limpo ao Cardoso e 3 off-sides mal tirados. Um que isolava o Bruno César em frente ao guarda-redes. Um penalty por marcar, sobre o Aimar (com expulsão), outro sobre o Matic. Anunciação usou o Sérvio como escadote, e um passe de um defesa ao GR por marcar. O Fiscal chama-se Rui Cidade. Igual ao penalty que não foi marcado no jogo anterior Feirense-Porto (Belluchi), o mesmo árbitro, Bruno Estevs, marcou para o Paços."


Penso que já chega!! O Porto devia ter 2 ou 3 pontos a menos.

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